domingo, 15 de fevereiro de 2015

ESPIRITUALIDADE PITBULL



                               ESPIRITUALIDADE PITBULL

A espiritualidade cristã contemporânea precisa urgentemente resgatar a palavra de Jesus: “O maior dentre vós será vosso servo” (Mat 23:11). Na presente geração o termo servo tem a conotação de nobreza. Virou tratamento aristocrata. É servo quem é grande. É servo quem comanda. É comum se ouvir a expressão: “Está entre nós, nesta noite, o grande servo de Deus, pastor fulano”. Ora, se é servo não é grande. A verdadeira espiritualidade não é narcisista, nem pedante. O crente espiritual não olha de cima para baixo para os demais irmãos, mas ver-se como servo, e nada mais! Arrogância mística é “espiritualidade pitbull”.

Os cachorros pitbulls são bravos, têm mandíbulas desenvolvidas e tendem a morder sem avisar. Assim são os líderes acometidos da “espiritualidade pitbull”. A espiritualidade pitbull é a da sanguessuga, retratada por Agur: “Duas filhas tem a sanguessuga, Dê! Dê! gritam elas” (Pv 30:15). Nesse contexto, os líderes pitbuls conseguem arrebanhar multidões e mantê-las presas ao seu “mamonistério”. À semelhança dos cachorros da raça pitbull, eles esfoliam suas ovelhas arrancando a pele, espedaçando os ossos e extirpando a carne. Durante a dissecação, latem: “Ofertem em nome do Pai, ofertem em nome do Filho, ofertem em nome do Espírito Santo que vocês receberão em triplo”.

Os “pitbulls espirituais” julgam-se grandes crentes, valorosos crentes, inigualáveis crentes. Aspiram liderança na igreja por necessidade de reconhecimento. Gostam de impostar a voz com tremeliques e gestos coreográficos para dar um ar de espiritualidade ao ambiente cúltico.  Os “pitbulls espirituais” estão acometidos da síndrome de Simão, o mágico, que se presumia grande personagem. Têm espiritualidade marqueteira e demonstram isso falando em “línguas” quando estão pregando. Fazem questão de alardear como oram e quando jejuam. Esqueceram das palavras admoestadoras de Jesus: “Quando jejuares, não vos mostreis contristados como os hipócritas, porque desfiguram o rosto, para que aos homens pareça que jejuam” (Mat 6:16). Espiritualidade não é teatralidade. A autêntica espiritualidade não se exibe ostensivamente. Ela aparece espontaneamente e é percebida. Não precisa de trombetas.

Os pastores pitbulls não têm temor a Deus. Fazem piadas com o nome de Jesus. Colocam termos de baixo calão na boca de Jesus. Dizem gírias e até impropérios e palavrões no púlpito. Esses pitbulls nunca leram nas Escrituras que espiritualidade sem o temor de Deus não é consistente. É um oximoro. A visão que o profeta Isaías teve da glória do Senhor produziu nele uma sensação de temor: “Ai de mim!” Isso marcou a vida do profeta. O puritano Thomas Brooks disse: “Conhecemos os metais pelo som que produzem e os homens por aquilo que falam”. Em Mateus 12:34 Jesus pontuou: “Do que há em abundância no coração disso fala a boca”. Portanto, ser espiritual é identificação com Cristo. É se colocar como modelo para os demais. Paulo disse a Timóteo: “Tu, tens seguido o meu ensino, a minha conduta, a minha fé, a minha paciência, o meu amor, a minha perseverança” (2Tm 3:10). Espiritualidade não se prova com enlevo verbal, mas com conduta e com o que sai da boca.

Os cães da raça pitbull colocam em risco pessoas e outros animais devido a sua agressividade, por isso, devem circular em espaços públicos com focinheira. Os líderes pitbulls põem em risco as almas das pessoas, pois as tornam duas vezes filhas do inferno. Nos seus sermões ocultam a teologia da cruz. Ensinam poder do pensamento positivo, quebra de maldições na família, incubação da bênção, cura de memórias, elevação da auto-estima, libertação do estresse, realização de sonhos, auto-descobrimento, neurolinguística, confiança em si mesmo. Nos seus sermões exaltam ímpios e homens de pensamentos antibíblicos tais como: Freud, Carl Jung, Lair Ribeiro, Augusto Cury, Nelson Mandela, Madre Tereza de Calcutá, Mahatma Gandhi, William P. Young, Tim LaHaye, James Dobson, Martin Luther King, Philip Yancey, Eugene Peterson, Rick Warren, Max Lucado, Richard Foster. Jesus é periférico e a Bíblia é acessório. É disso que o povo gosta!

É constante o noticiário de ataques de cães pitbulls a pessoas e animais. Ainda assim, há aqueles que defendem que sua real face é a de um cão dócil. O mesmo acontece com o rebanhão dos líderes pitbulls. Atolados na cegueira espiritual, o rebanhão, sem nenhum senso de discernimento, defende o seu pastor-cão-pitbull com suas heresias e apostasias. E, ai daquele que apontar o antibiblismo do pastor-cão-pitbull. É ameaçado com “maldições” e acusado de rebelde.

Os cães da raça pitbull necessitam de treinamento para não se tornarem agressivos. Assim são os pastores pitbulls, necessitam ser treinados nas Escrituras, ou seja, precisam manejar bem a Palavra da verdade, conhecer mais a Palavra e o Deus da Palavra. Pesquisas na área da medicina veterinária apontam que os lábios dos cães da raça pitbull são secos. A mensagem dos pastores pitbull é árida, estéril, fastidiosa, sem vida, seca. Para que a mensagem tenha vida e seja relevante é preciso negar o eu e a carne, seguir o Espírito, em humildade e submissão a Deus. Isso está distante ano-luz (9,5 trilhões de quilômetros) dos pastores pitbulls.

Ir. Marcos Pinheiro

domingo, 1 de fevereiro de 2015

EGOLATRIA NO MEIO EVANGÉLICO



                            EGOLATRIA NO MEIO EVANGÉLICO


O que você achou daquela cantata? O que você achou daquela banda? Daquele cantor? Fantástico! Fashion! Que tenor! Que coral! É notório, no meio evangélico, a quantidade de cantores, grupos de louvores, corais e bandas que se apresentam em igrejas e estádios para serem aplaudidos; receberem ovações, prêmios e troféus. Tudo que é antropocêntrico é idolatria. Portanto, a idolatria campeia livre no meio evangélico. A maioria dos corinhos feitos pelos cantores gospel é focada única e exclusivamente no homem. Esses corinhos são mantras musicais para satisfazer os delírios das pessoas. Não tratam Deus como o Soberano Senhor, mas como um beneficiador sagrado. Os mantras musicais promovem a egolatria através de declarações levianas com ar de seriedade do tipo: “Você nasceu para ser estrela”, “Você nasceu para brilhar”, “Seus adversários não vão morrer enquanto você não for exaltado na terra”.

A idolatria é tão forte no meio evangélico que se criou graus de qualidade para classificar os grupos de louvores, os corais, as cantatas e os cantores em excelente, bom, regular e ruim. Aí vem o “ministro de música”, põe o microfone dentro da boca, bate na coxa e levanta a “galera evangélica” alucinante. Gritos bizarros são ouvidos dos fãs. Nesse contexto, a Soberania de Deus e os Seus atributos são colocados na periferia. No Novo Testamento o elemento que evidencia a sinceridade da adoração é a edificação, não o personalismo. A adoração deve ser cristológica e cristocêntrica, não com cânticos centrados no adorador.

Nem toda adoração é correta aos olhos de Deus. Creio que para qualquer leitor honesto da Bíblia isso é tão claro como o sol ao meio dia. As Escrituras falam sobre a adoração realizada em vão, bem como a adoração verdadeira; sobre o culto de si mesmo, bem como sobre a adoração espiritual. Lamentavelmente, a adoração nas igrejas evangélicas passou a ser pomposa e estética. Isso tem gerado a egolatria. Preocupados com a egolatria, a Reforma Protestante substituiu a pompa, a performance artística e o esplendor estético pela simplicidade e fidelidade à Bíblia. Os reformadores rejeitaram as habilidades artísticas e a adoração teatral, porque entenderam que a adoração a Deus não é uma atividade estética, nem expressões de dotes artísticos, nem vitrine de talentos. Eles pintaram de cal todas as igrejas, por dentro e por fora; removeram os incensos, os sinos, as velas e os castiçais. Tiraram das igrejas todas as janelas com seus vitrais coloridos e “charmosos”. Aboliram todas as vestimentas clericais. Enfim, os reformadores tiveram que jogar fora os acréscimos humanos na adoração, tiveram que abolir o antropocentrismo para que o povo  passasse novamente a adorar de coração e se livrasse da egolatria.

Deus classificou a adoração na época de Amós de “estrépita” (Amós 5:23). A palavra no hebraico é “hamown” que significa bagunça, baderna, algazarra. A adoração baderneira é patente em muitas igrejas evangélicas. Não há quebrantamento, mas estrelismo. Não há contrição, mas egolatria. Tudo se move em torno do “eu”. Chavões tolos e infantis do tipo: “Conquiste o impossível”, “Caia por terra”, “Seja cabeça e não cauda”, predominam. Deus é contundente: “Oferecei sacrifício de louvores do que é levedado” (Amós 4:5). O fermento é visto nas Escrituras como um tipo de pecado carnal. “Ofertas fermentadas” simbolizam impureza e indulgência carnal. Os famigerados “artistas gospel” adoram indulgência carnal. Basta vermos em suas faces a expressão de satisfação narcisista por estarem na mira dos holofotes, jogos de luzes e flashes fotográficos. Ademais, chegam às raias do ridículo ao dizerem: “No final do louvor haverá uma sessão de autógrafos”. Altares para si! Monumentos para si! Egolatria! Indulgência carnal!

Lamentavelmente, essa “adoração bagunceira” tem jogado no lixo o nome “evangélico” que construímos em um século. Satanás não é o culpado. A culpa é da cobiça e da falta de intimidade com Deus de muitos líderes. Ninguém me convence que um servo de Deus precisa ter um haras de cavalos manga larga, uma coleção de carros antigos, uma coleção de ternos e gravatas, uma BMW à prova de bala, um jatinho. Ninguém me convence que é lícito um escravo de Cristo viver de turismo alegando propósitos culturais, quando na verdade o turismo passou a ser um fetiche tal qual o bezerro de ouro adorado pelos israelitas. A ostentação é pecado, pois gera idolatria.

Alguns destacam as palavras de Jesus “Não julgueis, para que não sejais julgados” (Mat 7:1), para fechar os olhos aos pecados cometidos em nome do Evangelho. Mas, Paulo reclamou da igreja de Corinto em não julgar um crente que procedia mal: “Não julgais vós os que estão dentro?” (I Co 5:14). Se os profetas da era apostólica tinham de ser provados (I João 4:1), quanto mais os de hoje.

Hoje, pastores promovem cantores evangélicos do mesmo modo que o mundo promove Muay Thai, Jiu-Jitsu, Boxe e Luta livre: “Os dois cantores que estarão no nosso 15º aniversário são pesos pesados”, disse um pastor ególatra. Misericórdia! A igreja virou ringue. Na verdade, a igreja passou a ser o local onde decorrem comércio e competição entre cantores evangélicos na mesma fatia de mercado.

A igreja não é MMA – Mixed Martial Arts, loja de conveniência ou clube social, mas local para cura e restauração pela salvação de Jesus Cristo. Local de pregação do Evangelho genuíno. Local de confronto do pecado e inconformismo com o mundo. Local da verdadeira adoração, não de egolatria.

Ir. Marcos Pinheiro