quinta-feira, 30 de junho de 2016

MEIO-CONVERTIDO? SÓ FALTAVA ESSA!



                         MEIO-CONVERTIDO? SÓ FALTAVA ESSA!

De acordo com Romanos 8:1-9, encontramos apenas dois tipos de indivíduos: convertidos e não convertidos. Ou seja: os que são nascidos do Espírito de Deus e os não regenerados que não experimentaram o novo nascimento. Não existe meio-convertido. Assim como não existe meio ovo, não existe meio crente. Quem anda na carne e deleita-se na carne, o resultado é morte eterna: “Porque os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito, para as coisas do Espírito. Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz” (Rm 8:5,6). Observe as duas alternativas: carne e morte ou vida e paz. É impossível obedecer à carne e o Espírito ao mesmo tempo. Quem vive segundo a carne não é crente carnal, é inimigo de Deus e a morte eterna o aguarda (Rm 8:7, 13). Jesus foi categórico: “Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta, espalha” (Mat 12:30).

Viver na prática do pecado, amar as coisas deste mundo não é sinônimo de crente carnal nem de meio-convertido ou meio-crente, e sim, de ímpio. Quem pensa que viver cometendo pecado tem título de crente carnal e que irá para o céu com poucas recompensas, está sumariamente enganado. Não há céu para aqueles que mantêm um comportamento similar ao do ímpio.

O conceito de crente carnal é oriundo da imperfeita interpretação de I Coríntios 3:1-4. Observa-se que em I Coríntios capítulo 1, Paulo fala que os Coríntios são pessoas nascidas, regeneradas pelo Espírito Santo. No capítulo 2, do mesmo livro, Paulo ressalta que os coríntios foram recebedores da graça de Deus. Portanto, Em I Coríntios 3:1-4 o apóstolo não está estabelecendo a categoria de crente carnal, como alguns defendem. Paulo não está dizendo que ao se aceitar Jesus como Senhor e Salvador a pessoa é promovida do nível “natural” para o nível “carnal” e depois de algum tempo passa para uma patente maior, que é o nível “espiritual”. O apóstolo também não está dizendo que a salvação tem dois estágios: o 1º estágio a pessoa aceita Jesus como salvador e aí é crente carnal; no 2º estágio aceita Jesus como Senhor, aí é crente espiritual. Essas exegeses não são corretas. É um oximoro pensar que uma pessoa que vive segundo a carne é convertida. Paulo enfatiza: “Se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas se passaram; eis que tudo se fez novo” (II Co 5:17). Quem é nova criatura, vive em boas obras (Ef 2:10), dar frutos, é sal e luz do mundo.

É claro que por sermos pecadores podemos em alguma ocasião exibir carnalidade em nosso comportamento até porque a carne milita contar o espírito (Gl 5:17). Nessa ocasião, o Espírito Santo testifica com o nosso espírito o nosso pecado e vamos aos pés de Cristo em agonia de arrependimento e retornamos à sintonia com Deus.

Em I Coríntios 3: 1-4 Paulo dirige-se aos coríntios dizendo que eles estavam na contramão da fé professada e que as ocasiões carnais precisavam ser corrigidas. O apóstolo não estava dizendo que a carnalidade era a característica deles, mas estava reprovando a carnalidade específica – facções, partidarismo, entre eles. Na verdade, Paulo os repreendeu por agirem como incrédulos não postulando um tipo de sub-crentes conhecidos como crentes carnais. No intuito de leva-los à reflexão cristã, Paulo dirige-se a eles como descrentes. Portanto, é forçar o texto afirmar que Paulo estabeleceu o conceito de crente carnal.

Vale salientar que o conceito de crente carnal é corroborado pelo evangelismo carnal praticado em nossos dias. Estabeleceu-se no meio evangélico que tudo que uma pessoa precisa fazer para ser salva é levantar a mão e ir à frente diante de um apelo dramático e sensacionalista. A visão de muitos líderes é ganhar almas a qualquer custo, quer seja pelo Evangelho, quer seja pela asneira. Alguns chegam às raias do ridículo ao dizerem: “Precisamos fazer loucuras por Jesus”. Nesse contexto, a mensagem é suavizada, amalgamada com o mundanismo, portanto, atrativa à mente carnal. O resultado é a igreja cheia de bodes. E, esses bodes são rotulados de crentes carnais ao invés de ímpios.

Ir. Marcos Pinheiro

terça-feira, 21 de junho de 2016

DEUS NÃO RECEBE PROPINA



                           


                                  DEUS NÃO RECEBE PROPINA

Pastores réprobos apelam para o emocional dos crentes. Sacolejam a alma dos incautos através da manipulação maligna do tipo: “Precisamos terminar a construção do nosso lindo templo, faça um voto financeiro para Deus que ele te recompensará”. Na sua insanidade espiritual, dizem ainda: “O voto constrange Deus e o impulsiona a liberar a bênção”. Isso é estelionato, é prática criminosa, é fraude, é charlatanismo. É tentativa de pagar propina a Deus.

Na verdade, o voto é uma tentativa explicita de barganhar com Deus, pois a pessoa faz um juramento assumindo o compromisso de fazer algo para a obra de Deus. A pessoa recebe para depois pagar, o que caracteriza a propina. O voto sempre tem uma expectativa de retribuição, de retorno, ou seja: “Darei isso na esperança que Deus me conceda aquilo”. Esse ato demonstra uma visão da relação com Deus como uma relação comercial, uma relação no ambiente de negócios, uma relação ganha-ganha. Ninguém perde, todos ganham. O Deus-patrão ganha e o crente-consumidor ganha também. Juntos, Deus e o crente se ajudam mutuamente. Que absurdo!

É preciso entender que os judeus entendiam que ao cumprirem suas obrigações para com Deus, o Senhor em troca, concedia-lhes benefícios; caso contrário, eram castigados. Para os judeus, Deus abençoava a fidelidade e castigava a desobediência. Deus abençoava os sacrifícios corretos e castigava quem não os fazia. Houve consequências danosas para os judeus que faziam votos e não os cumpriam. Porém, com a vinda de Jesus inaugurou-se uma nova dispensação onde a relação com Deus deixou de ser por méritos ou por atos. Não existe nada que o homem possa fazer para merecer as bênçãos de Deus e se fosse merecer, receberia somente condenação, pois o melhor do homem é pecado. A relação do homem com Deus depende exclusivamente do que Cristo fez no calvário. Portanto, votos não é um ensino aplicável na vida cristã hoje. Tudo que recebemos é sem merecimento, é por graça, somente por graça, é dádiva. Quando alguém Justifica a prática do voto usando como exemplo Ana, Jacó e Jefté está judaizando o cristianismo. Nosso padrão não são os judeus, mas a Nova Aliança.

Alguns líderes para defender a prática do voto nos dias atuais advogam que Paulo fez voto – “tendo rapado a cabeça em Cencréia, porque tinha voto” (At 18:18). Dizem ainda que Paulo em Atos 21:23 - 27 se submeteu à prática do voto juntamente com outros judeus. É necessário entendermos que Paulo sabia que as cerimônias judaicas não salvava ninguém. Paulo fez essa concessão orientada pelos anciãos judaicos porque ele estava sendo considerado pelos judeus como uma pessoa não agradável, não querida, não bem-vinda, devido o seu discurso da salvação sem os ritos e costumes da lei. Paulo cedeu à prática do voto a fim de ganhar os fracos na fé, por isso ele ressalta em I Coríntios 9:20: “tornei-me judeu para os judeus, a fim de ganhar os judeus; para os que estão debaixo da lei, tornei-me como se estivesse sujeito à lei, embora eu mesmo não esteja debaixo da lei, a fim de ganhar os que estão debaixo da lei.” O apóstolo cedeu exatamente porque o rito do voto indicava “consagração”. Não tinha o sentido de troca com Deus.

Jesus ensinou em Mateus 5  que a palavra do crente deve ser suficiente sem fazer juramentos, votos. Quando o crente disser “sim” ou “não”, isso seja a verdade. O voto é a ignorância em relação ao sentido da cruz. É a manifestação de uma ansiedade em troca de uma bênção. Jesus ordenou a não andarmos ansiosos com coisa alguma. Ele reprova a falta de fé no cuidado e no amor paternais de Deus (Mat. 6:25-34). Se sabemos que o Senhor está no controle e que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, não há necessidade de se fazer votos. Ao fazê-los, mostramos falta de confiança nEle. Portanto, campanha, corrente, sacrifício, peregrinação ou voto, são tentativas de pagar propina a Deus, tentando comprar uma bênção.

Há líderes com cabeça de ovelha e patas de lobo. Há oportunistas entre nós. E pessoas que não entendem nada. Por isso, precisamos voltar às origens. Voltar ao início do cristianismo e da Reforma, recuperando a essência do Evangelho. A prática do voto é a judaização do Evangelho e a catolização do crente. Não estou tecendo uma colcha de retalhos. A judaização do Evangelho e catolização do crente são produtos de uma hermenêutica defeituosa, que não compreende as distinções entre o Novo e o Antigo, Testamentos. Que os crentes se livrem da propina ao divino, o voto.

Ir. Marcos Pinheiro

domingo, 5 de junho de 2016

IGREJAS AGITADORAS? ESSA NÃO!



                           IGREJAS AGITADORAS? ESSA NÃO!

Muitos pastores defendem que marchas, passeatas, protestos, manifestações, greves são exercícios dos direitos civis e, que cada crente pode e deve fazê-los. Porém, quando examinamos as Escrituras não encontramos respaldo para tal.

Quando contaram a Jesus que Herodes mandou decapitar João Batista, não houve qualquer marcha, protesto ou manifestação de condenação a Herodes ou ao seu governo. 
Nenhum tipo de protesto ocorreu, quer por parte de Jesus, quer por parte de seus discípulos. Não houve, por parte dos discípulos de Jesus, nenhum quebra-quebra, nenhum saque de estabelecimento comercial, nenhum bloqueio de carros de boi. Nenhum tipo de protesto ocorreu em frente ao palácio de Herodes. Simplesmente, Jesus e seus discípulos retiram-se silenciosamente e foram para um lugar deserto. Ali, Jesus se depara com uma grande multidão e, possuído de íntima compaixão curou os enfermos (Mat 14: 11-14). Diante do ato de atrocidade de Herodes, Jesus foi realizar a obra do Pai.

Certa ocasião, algumas pessoas contaram a Jesus a respeito do ato cruel cometido por Pilatos. Pilatos era conhecido pela sua crueldade e os galileus eram conhecidos como revoltosos que não aceitavam a opressão do governo romano. Pilatos matou alguns galileus e misturou o sangue deles com os sacrifícios que eram realizados no templo (Lc 13:1). Jesus e seus discípulos não se pronunciaram diante de tamanho ato bárbaro. Jesus e seus discípulos não tivera qualquer palavra de desacato para o vitupério nacional cometido por Pilatos.

Jesus não contendeu por direitos civis para si mesmo nem para seus discípulos, mas ensinou aos seus discípulos a serem obedientes às autoridades constituídas, mesmo elas sendo déspotas. Em Mateus 22, Jesus ordenou a seus discípulos que pagassem impostos a Cesar. Cesar era um tirano depravado, cruel, imoral e sem coração. Porém, Jesus disse a seus discípulos que pagassem tributos, ainda que parte desses tributos se destinasse ao sustento das orgias de Cesar e dos cultos idólatras do Império Romano.

Em atos 16, quando Paulo e Silas foram injustamente agredidos, condenados e presos, seus seguidores não fizeram nenhuma manifestação de protesto. Não houve nenhuma caminhada, nenhuma marcha, nenhum banner exibindo dizeres do tipo: “Queremos justiça”, “Fora o governo”, “Impeachment já”. Paulo e Silas não proferiram protesto algum pela injustiça sofrida. Simplesmente, oraram a Deus e o Senhor moveu-se de modo poderoso e os livrou da prisão.

Em Atos 12, onde lemos a morte de Tiago e a prisão de Pedro, a Conferência de Liderança Cristã, não apelou a Jerusalém nem a Roma para a libertação de Pedro da prisão. A Conferência de Liderança Cristã não iniciou nenhum protesto pelas ruas em prol da não violência. Não exibiu nenhuma faixa, nenhuma placa com os dizeres: “Não à violência”, “Fora Herodes”. A Conferência de Liderança Cristã não incentivou nenhum motim, vândalo, saques, invasão de propriedades. Ela fez o que todo servo de Deus deve fazer: se retirou para uma casa particular e oraram. O Senhor ouviu as orações e mandou um anjo que livrou Pedro da prisão. O recurso da igreja não é a mobilização das massas, não são passeatas, marchas ou protestos em frente ao palácio do governo. O nosso recurso é entrar na presença de Deus em jejum e oração e depositar diante de Deus o fardo que o mundo faz pesar sobre o nosso coração e depois sair como embaixadores de Cristo proclamando as Boas Novas aos perdidos.

Na Constituição Brasileira manifestações e greves são consideradas direitos civis. Porém, nem tudo que está lá, é bíblico. O propósito da igreja não se encontra em ativismo político, nem em ativismo social. Em nenhum lugar da Bíblia temos a ordem de investir nosso tempo em ativismo político/social. A missão da igreja não reside na mudança do País através de reforma política, mas na mudança de coração através da proclamação da Palavra de Deus.

Quando um pastor acha que o crescimento e a influência de Cristo podem se aliar com o ativismo político/social, ele está adulterando a missão da igreja. A ordem dada à igreja é a de espalhar o Santo Evangelho e pregar contra os pecados do nosso tempo. A igreja não foi chamada para reivindicar melhores salários; não foi chamada para fazer piquetes em portas de fábricas; não foi chamada para fazer protestos em frente aos motéis; não foi chamada para boicotar clínicas de aborto ou livrarias especializadas em coisas pornográficas; não foi chamada para reivindicar mais hospitais e mais escolas; não foi chamada para reivindicar saneamento básico; não foi chamada para exigir mais segurança pública; não foi chamada para falar sobre aquecimento global ou fontes alternativas de energia. Fomos chamados para proclamar o arrependimento, a santidade e o escândalo da cruz.

A igreja existe para amar e servir a Deus, e levar as pessoas deste mundo para o céu. A igreja não está aqui na terra para reformar politicamente a sociedade. Nunca poderemos produzir convertidos pelas Leis do Parlamento. É erro crasso pensar que por meio de manifestações, passeatas, motim, greves e engajamento na política, podemos aprimorar este mundo apodrecido. Todo o esforço para melhorar este mundo é como querer plantar e cultivar flores no sertão nordestino. É querer perfumar e decorar um monte de lixo com fezes, baratas e ratos. O mundo é moribundo e em breve será aniquilado (ITs 5:3). Em II Tm 3:1-9 aprendemos que o mundo se degenera continuamente e tornar-se-á moralmente insuportável. Repentina destruição virá a este mundo e sobre aqueles que forem deixados nele (I Ts 5:3). O pastor que pensa que vai lotar sua igreja pregando engajamento na política, passeatas, manifestações e mostrando interesse por questões políticas/partidárias e sociais está mergulhado no tanque da ilusão.

Na época de Jesus havia grande agitação política como está ocorrendo atualmente no Brasil. O povo por ter perdido sua liberdade sonhava com uma coalizão com os fariseus e saduceus contra o regime romano opressor. Os governantes da Palestina representavam o corrupto e opressor império romano, que com suas defraudações, torturas e injustiças zombavam da dignidade humana. Jesus viveu nesse meio de ódio, rebeldia, vingança e injustiças. Porém, Ele nunca liderou uma insurreição dos oprimidos contra os opressores romanos. Não há nenhuma evidência bíblica de que Jesus tivesse tentado reunir os injustiçados numa insurreição que derrubasse as corruptas e opressivas estruturas do poder político de Roma. Jesus se recusou a interferir na administração dos que detinham o poder porque Ele sabia que medidas externas não podiam debelar a injustiça, o roubo, a corrupção, o sofrimento do pobre. Por isso, Ele trouxe o único remédio verdadeiramente eficaz para uma cura verdadeiramente definitiva que é a regeneração do coração. Jesus limitou-se a pregar o Evangelho do Reino.

Que o Senhor livre a sua igreja de ser uma agitadora de massa!

Tenho dito!

Ir. Marcos Pinheiro